A Presidenta da Unisol participou no último 30, da Assembleia Geral do Movimentos Sociais e Populares do Convergência do Fórum Social das Resistências, representando o Movimento Feminista através da ASSEMBLÉIA DE MULHERES FSR-2022 e a CARTA E AGENDA INTERNACIONALISTA DECALOGO FEMINISTA INEGOCIÁVEL.
Aproveitando a oportunidade, Anne Sena garantiu a pauta da Economia Solidária e Feminista como espaço de fortalecimento, reflexão da autonomia das mulheres e do seu empoderamento!
Leia na íntegra abaixo a CARTA do Movimento e contribua com uma sociedade mais equitativa.
Somos mulheres lésbicas, trans, bissexuais, não binárias, binárias, cis de todo o planeta, sem distinção, somos forças de resistência a todas as formas de opressão, desigualdades, discriminação, e estamos dispostas a promover ações coletivas para frear este processo histórico de dominação violenta que nos subjuga. Somos negras, indígenas, brancas e não brancas que enfrentamos o racismo como fator estruturante de nossas vidas e da sociedade e exigimos que se levantem todas as vozes, compromisso e ações para por fim a uma realidade mundial de violência e invisibilidade que nos impõem.
As trabalhadoras, artistas, donas de casa, estudantes, acadêmicas, jovens, do campo, das cidades, da floresta, com deficiência, todas, sem distinção, somos vítimas de um sistema racista, patriarcal, capitalista e misógino e estamos determinadas a juntar nossas forças e nos lançarmos coletivamente para mudar os sistemas políticos e económicos que dominam o mundo.
Lutamos pela garantia a oportunidade e acesso a postos de trabalho e emprego, com remuneração justa e adequada, tendo como parâmetro a equidade racial, étnica, de gênero, orientação sexual, identidade de gênero, geração, deficiências, de condição física e mental para o acesso e permanência nos postos de trabalho assegurando legalmente a participação em atividades comunitárias e de organização sindical com garantia de trabalho decente e cumprimento da Lei Complementar no 150 de 01/06/15 que dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico que garante a seguridade social e todos os direitos trabalhistas para todas as trabalhadoras domésticas; pela garantia e exercício do trabalho em condições de segurança com proteção à saúde das(os) catadoras(es) de materiais recicláveis, assegurando também todos os direitos trabalhistas e de seguridades social; implementar políticas de ações afirmativas para o enfrentamento das desigualdades raciais e de gênero no mercado de trabalho (nas administrações centralizadas, autarquias, fundações, empresas públicas, privadas, nacionais, multinacionais e cooperativas).
Nossa luta é pela retomada do desenvolvimento econômico e social. Pelo fortalecimento de ampla aliança das forças e para iniciar o processo de reconstrução nacional, com o centro no trabalho, lutamos pela redução das taxas de juros, com a substituição das importações, pela reindustrialização do país, pelo rompimento com a dependência externa, por mais investimentos públicos em Ciência e Tecnologia e geração de empregos qualificados com salários dignos e direitos trabalhistas.
Por um estado forte comprometido em garantir o desenvolvimento, em combater as discriminações e preconceitos, em promover políticas públicas para as mulheres, empregos, salário igual para trabalho igual, licença maternidade de um ano, creches, restaurantes populares, lavanderias públicas, em apoiar saúde da mulher e a maternidade e combater à violência. Pela volta do Ministério da Mulher e do Trabalho.
Lutamos pela vida. A pandemia constituiu-se no lastro do negacionismo, na polarização das desigualdades, na reafirmação do patriarcado. Somos alvo da invisibilidade, da fome, da contaminação e do descaso. Contudo reafirmamos a urgência de reunir todas as nossas lutas por uma emancipação de todas as mulheres, e suas lutas nos aspectos antirracista, econômico, social, cultural, livres de violência. Contra a misoginia e o silenciamento.
Nesse sentido, com base em toda política de retrocesso e pelas nossas vidas, retomamos nossa luta para uma Agenda internacionalista, iniciado na Assembleia Mundial de Mulheres do FSM 2018 e reafirmada nessa Assembleia das Mulheres do Fórum das Resistências 2022 nos dez pontos inegociáveis, a ser lidos abaixo:
1 – Pela autonomia econômica, fortalecimento da cidadania e inserção das mulheres no mercado de trabalho produtivo. Todas somos trabalhadoras, não importa se em casa ou no mercado ou na comunidade, contemplando as diversas formas de organização para o trabalho – cooperativo, familiar, associativo, individual, formal e/ou informal. Pela igualdade de oportunidades e igualdade salarial, contra o assédio sexual e moral no trabalho, pelo pleno reconhecimento do trabalho de cuidado remunerado, exigimos políticas públicas para garanti-lo, que perpassem por uma Economia Feminista e emancipadora.
2 – Pelo fim dos feminicídios, trans feminicídios e de todas as formas de violência, sejam sexuais, físicas, simbólicas, psicológicas, domésticas, trabalhistas, obstétricas, patrimoniais e epistémica praticadas no âmbito público, privado e no ativismo. Realizar ações preventivas que fortaleçam a autonomia das mulheres e seus direitos sobre seu próprio corpo, independentemente de sua orientação sexual;
3 – Pelo nosso direito de decidir sobre nossos corpos, sentimentos e pensamentos, com autonomia e garantia a laicidade do Estado face a quaisquer fundamentalismos religiosos e do poder econômico.
4 – Por nossa emancipação real e substantiva e acesso ao poder político, em especial a participação na política, nos espaços de decisão e nos órgãos públicos, garantindo a paridade e as condições materiais e simbólicas para o empoderamento e o fortalecimento da participação das mulheres, em especial as mulheres negras;
5 – Pelo fim da utilização de nossos corpos como uma arma de guerra, pelo fim da perseguição e assassinatos das defensoras de direitos humanos.
6 – Pelo nosso acesso e de todas as pessoas à educação universal, emancipadora, transformadora, libertária, não racista e não sexista.
7 – Contra a gordofobia, o racismo, a xenofobia, o genocídio, o fim do encarceramento das pessoas negras, indígenas, migrantes e pobres. Contra o capacitismo e pela garantia do direito a acessibilidade que garante à pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania e de participação social; constituindo um atributo essencial do ambiente que garante a melhoria da qualidade de vida estando presente nos espaços, no meio físico, no transporte, na informação e comunicação, inclusive nos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como em outros serviços e instalações abertas ao público ou de uso público, tanto na cidade como no campo.
8 – Pelo reconhecimento de nossa identidade e expressão de gênero auto percebidas. Pela plena garantia de nossos direitos, fim da discriminação e da violência por orientação sexual, identidade e expressão de gênero.
9 – Pelo desmantelamento da estrutura patriarcal dos meios de comunicação, pelo fim da mercantilização e hipersexualização de nossa imagem. Nossa invisibilidade nestes meios contribui para o silenciamento de nossas lutas.
10 – Pela justiça climática. Somos parte da natureza e não donas dela. Contra o capitalismo, o colonialismo e o imperialismo que nos exploram e exploram ao redor do planeta, cujas disputas pelo mercado e fontes geram guerras, destruição, violências e mortes que atentam contra nós. Por um modelo de sociedade feminista, antirracista, justa, igualitária e sustentável.